"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







segunda-feira, 26 de julho de 2010

Bustin Down The Door


Rabbit, Mark e Shaun.

A idéia de mudança esta sempre presente em nossas mentes, mudar, construir algo novo, otimizar o já existente, melhorar, proporcionar uma vida melhor para as pessoas que estão próximas, ou simplesmente, mudar para viver um sonho.

Mudar traz problemas. Mudar traz desconforto. Mas mudar também pode trazer prazer e realização. Mudar pode trazer consigo sorrisos, gargalhadas, mas também, lágrimas de quem sofreu, por um sonho, por um ideal.

Essa história é de 3 rapazes que optaram por mudar e por viver intensamente seus sonhos. Este clã formado por 2 australianos e um sul-africano quebrou barreiras, incomodou muita gente e com certeza mudaram muita coisa, afinal eles criaram um esporte chamado Surfe.

Até então, o surfe estava perdido. Perdido por que não pertencia a nada, era uma tribo independente, mas que também não fornecia muito ao mundo, pensando quem no final dos anos 60, tínhamos comunidades como a dos hippies que lutavam pela liberdade, e defendiam seus “amigos” convocados para mais uma estúpida guerra norte-americana (Vietnã).

Os surfistas alienados eram um conjunto de diversas tribos, porém o que mais tinham, ou que forneciam era a liberdade associada com a natureza. Mas mudanças estariam por vir.

Dois australianos começaram a destacar-se em suas ondas nativas, um deles era Wayne Bartholomew, conhecido como Rabbit. O outro, era Mark Richards. Ambos possuíam uma nova forma de surfar as ondas, tinham em seus corações uma atitude nunca vista até então no coração de um surfista, eles simplesmente eram mais que simples surfistas, eles eram os melhores.

Ao descobrirem que era no Havaí que estavam as melhores ondas do mundo, logo, arrumaram uma forma de irem para lá. Uma forma por que não eram cheios de grana, muito pelo contrario, Rabbit tinha uma experiência de vida, muito comum de países de 3° mundo, porém, ele com uma família de várias irmãs e sem pai (separado), era o homem da família, e até roubar para alimentar-la ele fez. Errado, mas quem sou para julgar...

Entre idas e vindas, a primeira temporada no Havaí chegou. Mark e Rabbit logo se juntaram ao sul-africano, que talvez possuísse um dos estilos mais bonitos da época. Shaun Tomson.

Era 1974. A mudança começava.

Eles queriam apenas uma coisa, serem os melhores do mundo. Porém o surfe ainda não era um esporte profissional como o de hoje em dia, o surfe era surfe, sem propósito, sem responsabilidade, era apenas o que cada um fazia dele, era apenas surfar ondas, mas não para eles.

No Havaí, naquela época começaram os primeiros torneios, um deles era para homenagear Duke Kahanamoku, o pai do surfe havaiano. E o outro torneio era o Smirnoff Pro.

Os três destemidos garotos quebravam as ondas, a realidade é que mesmo os melhores surfistas havaianos não chegavam aos pés dos 3, era incrível a velocidade, a radicalidade, e a atitude daqueles moleques gringos, porém, nada disso era relevante, já que, para competir nesses torneios, necessitavam ser convidados.

Eram apenas 24 convites, e todos para surfistas havaianos.

1975. A mudança chegava.

Um convite para o grupo foi dado. Mark Richards era o escolhido, porém, o preço a pagar era de 50 dólares, dos quais, Mark não possuía nem um. Nesse momento, Rabbit, diz “eu tenho”, mas não para ele. Rabbit coloca Mark na água. E este vence quase todo mundo. Logo de cara.

1976. Mudou.

Nesse ano, todos os meninos estrangeiros entram nas competições havaianas, e entre eles, vencem tudo. Mark vence o Smirnoff Pro, Rabbit o campeonato em homenagem a Duke, e Shaun Tomson, vence o Pipeline Masters (que existe até hoje).

Acabou, os gringos dominaram o Havaí. Chegaram e mesmo sem serem chamados Derrubaram a porta da frente. Ficaram famosos, não tinham um titulo mundial, até por que isso ainda não existia, porém ganharam o que tinham para ganhar. Fama, reconhecimento e entrevistas polêmicas começaram a acabar com o conforto deles em terras estrangeiras.

Rabbit e Shaun, fizeram muito sucesso e falaram muito, na qual refletiu mal entre os locais havaianos, até o ponto de que eles estavam banidos das praias, não podiam surfar mais lá.

Bom, até que era “correto” a postura havaiana, afinal, era um país que foi tomado pelos americanos, seus costumes estavam desaparecendo, as poucas coisas que sobravam eram as ondas, das quais esses caras também estavam dominando, e ainda, falaram para quem quisesse ouvir que eles eram os melhores, eram os “números 1”.

Porrada! Ponto. Essa foi a solução. Ameaças de morte, perseguições, colocaram tanto medo, que ambos tiveram que se esconder na ilha. Não podiam fazer nada, sair é perigoso demais.

Mudar é perigoso, mas naquele momento, era enfrentar a situação ou então um sonho morreria.




Mark Richards

Eddie Aikau surge.

Esse nome tem muita história dentro do surfe. E que não sabia era desta história que conto agora:

Eddie encontra Rabbit que a dias dormia dentro de um bosque perto da praia, sem banho, sem comida, sem nada. Eddie o leva até um hotel prometendo-lhe resolver todo esse enorme problema.

3 dias depois, Rabbit desce do quarto do hotel com Eddie até uma sala de reuniões, lá ele encontra seus dois amigos, Shaun e Mark e mais umas cento e poucas pessoas, loucas para lhe arrancar o couro com uma colher. Era a morte certa.

Eddie consegue colocar todo aquele nervosismo em uma discussão racional, da onde chegasse ao ponto que todos os estrangeiros percebem seus erros, percebem que deviam mais respeito, que deviam entrar em sintonia com tudo aquilo. Mudar sim, mas respeitando a cultura de um país que eles não compreendiam.

A verdade é que Rabbit e seus amigos morrem aquele dia. Não fisicamente, mas aquela repressão de alguma forma, mata um pouco de seu espírito, de sua atitude nas ondas. Mas pelo menos, o ar ainda entra em seus pulmões até hoje.

No final dos anos 70.

Finalmente o sonho dos 3 acontece. Surge um circuito mundial. Em seu primeiro (1976) ano Peter Tomnend outro australiano vence por conseguir uma regularidade incrível, porém o segundo ano (1977) é vencido por Shaun, confirmando seu sonho.

Ano seguinte (1978) a vitória de Shaun, é a vez de Rabbit vencer, comprovando que tinha realmente nascido para ser o melhor do mundo. E depois, já com uma nova revolução de pranchas, Mark Richards com sua bi-quilha inicia um longo domínio, vencendo 4 vezes consecutivas o circuito mundial.

Não há volta.

Depois de Rabbit, Mark e Shaun, o surfe nunca mais foi o mesmo. Eles derrubaram a porta da frente e enfiaram goela abaixo seus sonhos, o sonho era fazer o surfe ser esporte e que seus amantes e seguidores pudessem viver disso. Naquela época a idéia de viver do surfe era pagar as contas e ganhar pranchas novas de seus patrocínios, acho que naquela época eles nunca imaginavam que o surfe chegaria a cifras milionárias de hoje.




Shaun Tomson

Mudar.

Sempre temos vontade de mudar alguma coisa em nossas vidas, porém quase sempre arrumamos argumentos, muitas vezes extremamente convincentes para não fazer aquilo que realmente queremos. Mas acho que as vezes devemos derrubar a porta mesmo antes de sermos convidados, e simplesmente entrar em uma vida nova, mudar.

Mark, Rabbit e Shaun, colocaram suas vidas em risco por um sonho, por um sonho deles, algo que eles acreditavam, como mudar a cara do surfe e transformar-lo em um esporte. Mas quantas pessoas já lutaram e até mesmo deram a vida por uma mudança? Acredito que muita gente já o fez.

Não acredito que todos são dignos de proporcionar mudanças a humanidade, ou então, mudar completamente a forma de pensar sobre alguma coisa, mas você pode mudar, qualquer um pode mudar alguma coisa.

Assim, o que quero deixar depois deste longo texto é que mudar é possível, porém saiba que se você enfrentar todo o desconforto, os perigos, a dor, e o peso de mudar, com certeza o resultado final serão lágrimas, lágrimas por que naquele momento mais difícil em vez de fugir você levantou, estufou o peito, e disse: Eu vou mudar, eu acredito.


Wayne Bartholomew

“Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo”. Gabriel “O Pensador”.

Texto inspirado no filme “Bustin Down The Door” de Jeremy Gosch, inspirado em Wayne “Rabbit” Bartholomew e produzido por Shaun Tomson, de 2008.





domingo, 18 de julho de 2010

Bafana-Bafana Surf


Não me lembro de um campeonato de surfe, principalmente etapa do World Tour, ter sido realizada de forma direta sem nenhuma interrupção, como aconteceu agora na África do Sul. Terra de altas ondas em grandes surfistas do passado e do presente.


A verdade é que Jeffreys Bay já foi palco dos maiores confrontos da história do surfe mundial, primeiro, (que tenho conhecimento, por favor, conhecedores mais antigos, me ajudem aqui), os confrontos entre Occy e Curren, que marcaram gerações, o rei do estilo contra o touro indomável, tanto que houve em alguns campeonatos baterias especiais entre eles, sendo que Curren ganhou todas até o momento.


Mas hoje, após de dias de ondas clássicas, um local levantou o caneco, pois é! Uma das maiores promessas do surfe mundial ainda não havia tido a oportunidade, ou melhor, não havia ainda confirmado toda a expectativa criada sobre ele.


A verdade que muitas vezes na hora que o bicho pegava ele sumia, perdia baterias que não perderia se simplesmente tivesse mais calma, mas tudo bem, podemos despejar essas inseguranças em sua idade baixa, 22 anos.


O Sul Africano trouxe muita alegria aos fanáticos torcedores de sua terra, depois de surfistas como Martin Potter e Shaun Tomson, Jordy Smith junta-se a nata do surfe de seu país e do mundo.


Jordy surfou o campeonato como sempre surfa, com porradas insanas, velocidade e curvas fortes. Mas vou falar uma coisa, realmente não sou fã do surfe do grandalhão, pois é, muitos podem descordar, mas sou fã incondicionável do surfe com classe e estilo.


Tá tudo bem, o cara não é descoordenado, ou então um asno surfando, sim ele tem muito estilo, é calmo, mas não sei, talvez estilo não seja o verdadeiro motivo pelo qual vejo o surfe dele e penso: - É surfa bem né, mas....


Gosto muito mais do surfe do Dane Reymond, por exemplo, acho muito mais bonito de se ver, a radicalidade dos dois, é igual, mas tem algo diferente, uma postura talvez, ou então, uma postura corporal diferente, não sei bem, talvez seja simplesmente por que Jordy é alto pra caramba e parece um minhocão surfando.


Mas não podia ser mais justo nesse campeonato a vitória desse garotão, afinal, como o Jadson aqui, nada mais gostoso para aqueles que vão a praia ver o campeonato que um ídolo local levante o caneco!


Agora, uma coisa esta me deixando meio confuso, antes, era fácil perceber uma onda melhor que outra, o julgamento das baterias nunca foi uma certeza exata, mas, ultimamente anda bem estranho, sei lá, algumas ondas durante o campeonato foram ultra-julgadas e outras sub-julgadas, sei lá, não entendo muito de julgamento, e tenho como se pode ver nesse texto mesmo, preferências quanto a estilo e surfe, mas tem certas coisas que não mudam, e nesse campeonato, senti que alguns surfistas ficaram fora sem merecerem tal destino. Mas quem sou eu...


Parabéns a Africa do Sul, que depois de uma Copa eletrizante ofereceu um campeonato de igual magnitude, e dessa vez se pode dizer que os Bafana-Bafana venceram!



sábado, 17 de julho de 2010



E você acha que surfa muito???




Tuner Gudauskas - Billabong J-Bay - 3° dia *fonte ASP.

Surfe... e mais surfe!

Depois de pegar um mar clássico em Itararé hoje pela manhã, com antigos e bons amigos da época do remo, nada melhor que se deliciar com as melhores direitas do mundo, Jeffreys Bay.

Ta rolando o WT, hoje já foram realizadas algumas baterias do 4 Round, com previsão de terminar amanha caso as ondas continuem do mesmo nível.
Semaninha surfe total... altas ondas de verdade e altas ondas pela telinha do computador.

Abraços, até a semana...


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Skateistan - Uma lição de solidariedade.


Ontem de tarde tive a noção do que é tentar mudar um pouco o mundo através do esporte. É impressionante como existem pessoas nesse mundo com tanto carinho por seu esporte predileto e com tanto carinho pela humanidade independente de credos e culturas.


Assistindo um programa (de extrema inteligência) no canal Multishow, intitulado de “Não conta lá em casa”, sobre um grupo de jovens que vão visitar os países que ninguém iria, como Iraque, Coréia do Norte, Afeganistão, entre outros.


Ontem o programa mostrava a chegada desse grupo de jovens a Kabul, capital do Afeganistão, e o que se via era um aeroporto extremamente militarizado, com aviões e helicópteros militares por todos os lados.


A recepção é feita por um skatista, (do qual é o tema real deste texto) chamado Oliver Percovich, idealizador de um projeto impressionante.


Oliver resolveu ir para o Afeganistão e implantou um projeto de Skate para crianças afegãs, segundo Oliver, a maior parte da população do Afeganistão são crianças, cerca de 60%. Assim, estas crianças estão envolvidas em um país cheio de problemas, cheio de corrupção e violência.


Pode-se perceber que hoje as coisas andam um pouco melhor por lá, mas a pouco tempo atrás ouve uma grande revolta popular durante as eleições a um novo presidente, e de forma meio estranha vence o candidato apoiado pelos EUA, estranho? Será? Dessa forma, a população vive em um estado de desunião brutal, onde a confiança é rara e escassa, em qualquer situação.


O Projeto tornou-se um grande sucesso e acabou mobilizando muitas empresas, tanto do esporte como outras não relacionadas ao skate, sendo assim, mais de 15 empresas patrocinam o projeto insano de Oliver.


Com isso, o projeto conseguiu criar um skate park (pista de skate) enorme e de uma estrutura de invejar-se, dentro do centro olímpico de Kabul, inacreditável é ver tamanha a felicidade da garotada em andar de skate, e se você acha que eles mandam mal, esta enganado.


Até as garotas andam, detalhe, até as garotas, por que lá diferente da cultura ocidental (que ainda tem pré-conceitos, infelizmente) as mulheres lá são separadas dos homens, estudam separadas, vivem separadas, e possuem as mais diversas restrições, porém, o skate não foi uma delas.


Oliver conta no programa, que apesar delas treinarem sozinhas, separadas dos meninos (por pedido próprio das meninas, por se sentirem mais a vontade) elas disputam os campeonatos internos de igual para igual, enchendo o professor idealizador de orgulho.


A verdade que o projeto intitulado de Skateistan, é uma mostra de quanto o esporte pode afetar positivamente a vida de muitas crianças, a realidade lá é pesada, é difícil, onde a possibilidade de um desvio a violência é muito fácil, além da fome, e outras tantas coisas, afinal o Afeganistão sofre a muito tempo por guerras, para quem não sabe, antes da invasão americana a quase 10 anos, o Afeganistão lutou muito tempo contra a União Soviética (patrocinada curiosamente pelos americanos para vencer o exercito vermelho), assim, vocês podem imaginar o estado do país.


Sinceramente fico impressionado com a capacidade de muitas pessoas nesse mundo possuem em ajudar o próximo, e nesse caso, nem o próximo, por que foram ajudar de alguma forma pessoas das quais nunca tinha tido contato.


Isso acaba por nós fazer pensar no que fazemos para ajudar o próximo, o que fazemos para melhorar o mundo, será que realmente fazemos algo, ou apenas nos enganamos a cada dia pensando que sim?


Acho que vale a pena pensar nisso um pouco, quem sabe, alguém próximo ou distante de você não esta aguardando uma ajuda sua... Quem sabe...


Ps: Galera não se esqueçam de dar aquela olhada em seus armários, afinal ta frio pra caramba, e um agasalho sem uso pode salvar vidas, doe um agasalho, é facil, qualquer mercado ou shopping possui os pontos de coleta, ou então, leve até uma instituição de sua confiança, ajude alguém a passar o inverno mais quentinho...







Links para quem quiser saber mais:

www.multishow.globo.com/Nao-Conta-La-em-Casa
www.skateistan.org

terça-feira, 13 de julho de 2010

Rock and Roll


Dia 13 de Julho é o dia internacional do Rock and Roll, e pela primeira vez vou escrever (ou tentar) o quanto a música, ou melhor, o rock é importante na minha vida...


Cresci ouvindo os cassetes do meu pai, ele tinha algumas preciosidades como o Dark Side Off de Moon, do Pink Floyd, e assim começa a minha caminhada pelo rock, simplesmente com a melhor ou talvez uma das melhores bandas da história.


Além de Pink Floyd cresci ouvindo Yes, Genesis, The Beatles, Rolling Stones e The Doors. Esta última banda foi uma das que mais mudou a minha vida, foi a minha primeira banda, foi a primeira da qual me apaixonei perdidamente por seus ritmos, batidas e letras.


Morrison por muito tempo foi meu ídolo, simplesmente quando moleque queria ser roqueiro, usar uma jaqueta de couro e cantar, mas logo percebi que isso não seria muito possível, afinal, minha voz grossa e desafinada nada tinha de tenor, ou cantor, o sonho era apenas sonhar.


Lembro de assistir ainda pré-adolescente o filme do The Doors (o qual adquiri recentemente) atuado de forma magistral pelo Val Kilmer, e logo percebi que o Rock seria a única coisa que ouviria na vida, seria o que iria me impulsionar a vida toda.


Mas mal sabia o que tinha para descobrir, ainda estava com o acervo de bandas herdadas, mas as descobertas ainda haveriam de acontecer. Foi quando o KISS surgiu em minha vida, nossa, me lembro até hoje, os caras pintados, interpretando no palco, sonhava em assistir um dia um show dos caras, era mágico.


Paul, Gene, Peter e Ace eram os caras, o KISS, tocou tanto no meu rádio e computador que dava para passar meses a fio sem escutar outra coisa. Lembro-me da vez que vieram para o Brasil, tocaram no autódromo, e eu era novo ainda, devia ter uns 15 anos, e precisava de alguém para me levar, mas nada, fiquei no sofá da minha casa, ouvindo o ALIVE III em alto e bom som, pensando como seria estar lá.


KISS foi a banda que abriu o universo do rock para mim, foi o meu catalisador para um mundo de viagens alucinantes, foi quando e descobri para valer os anos 70, e percebi que tinha nascido na época errada.


Alucinante, confrontador, idealista, não conformista, era tudo, era a mística do som, da liberdade, da amizade, do amor, era porrada mas eram flores também, era Led Zeppling, era Janis, era The Who, era Stones. Era a melhor época do rock and roll. Nossa quantas bandas nasceram naquele período. E eu estava conhecendo cada uma, até que conheci um cara, um canhoto maluco.


Esse canhoto insano, me lembro a primeira vez que o vi e ouvi, ele estava sob seus joelhos, com uma guitarra branca/creme, de ponta cabeça tocando o hino americano de uma forma estranha, achei até por um momento que se tratava de um desrespeito, mas meu pai me situou, me falou que aquele evento se chamara Woodstock e o cara que via se chama Hendrix.


Hendrix. Era como um mantra, de repente descobria os solos inacabáveis de guitarras, e assim entrei no delírio que é o rock, na perdição de suas notas, de seus acordes, de sua musicalidade, de repente vi que podia transcender ao normal, podia viajar, podia ter minhas trips mais insólitas, simplesmente apagando as luzes e deixando o som alto, apenas com uma vela acessa e um incenso queimando, descobri que podia viajar!


Hendrix me trouxe Steve Vai, Neil Young, e muitos outros, ampliou, amplificou, trouxe-me o barulho do rock, e junto vieram as bandas mais pesadas.


Eis que surge um cara que nunca vou esquecer, um malucão, um tal de Ozzy Osbourne e seu Black Sabbath, nossa, Iron Man, Paranoid, Sabbath bloody Sabbath, nossa, era paulada atrás de paulada. Era demais.


Ainda havia muito a descobrir, bandas como Van Halen, Deep Purple, AC/DC, quanta coisa, cada música, e ainda faltava muito.


Lembro-me que depois de descobrir tudo que os anos 70 criaram comecei a descobrir coisa mais atuais, e bandas que hoje vejo que se tornaram antigas, bandas que já possuem mais de 15 anos de estrada. Mas a maior delas, foi o Pearl Jam.


Lembro-me de quando comprei o CD Ten, o primeiro cd da banda de Seathe, deus, que som era aquele, era moderno, era forte, mas remetia aos tempos gloriosos do passado, era respeitoso com sua origem, mas era um cala a boca a tudo, era a nova força do Rock, o Grunge.


Pearl Jam e Nirvana tocaram muito no meu Walkman (pois é, esse negócio de mp3 é novo demais), nas tardes que ia para a Raia remar ainda de bike.


De repente, tinha um universo enorme em minha frente, mas faltava algo, faltava, por que não falta mais, faltava ir nos estádios ouvir-los ao vivo.


Meu primeiro show, comecei muito bem, lembro-me até hoje, foi surreal, era meu aniversário, e embalado com o clássico do Lynard Skynard, Simple Man, meus amigos do colégio junto de um professor querido, roqueiro insano, me presentearam com o ingresso que mudaria o jeito de ver o rock, era uma entrada para ver Eric Clapton no Pacaembu.


Foi a porteira se abrindo, depois disso, fui ver Deep Purple, Live, Iron Maiden, Aerosmith, Ozzy, KISS, AC/DC, Korn, Guns, Titãs, Ultraje, Raimundos, entre tantas outras bandas nacionais e internacionais.


A última coisa que o rock me proporcionou foi a possibilidade de realizar um sonho de moleque, lembram-se que no começo desse texto dizia que sonhava em ser como o Morrison, bom, isso foi impossível, mas por 2 vezes pude fazer rock, pude tocar para amigos, com uma banda que muito podia, mas pouco fez, e quem foi foi, quem não, perdeu uma banda de 4 caras apaixonados pela música, e pelos riff’s de guitarras, solos de baterias, e contra-baixos.


A verdade que todos os anos, o dia 13 é um dia esperado, um dia que coloco o som alto o dia todo, com o velho e bom rock and roll.


Pena que nasci na época errada, pena por que mal consigo me imaginar como seria minha vida se tivesse nascido nos anos 50, e estar com a mesma idade de hoje nos anos 70 podendo ver todas essas bandas, podendo fazer parte da história mais bonita da música.


Bom, acho que escrevi um pouco, agora começou a tocar no meu computador, Black Sabbath com Heaven in Hell, com o recente falecido Dio. Vocês me dão licença, mas vou curtir um pouco esse som, nesse dia especial...


FOR THOSE ABOUT TO ROCK, WE SOLUTE YOU! FELIZ DIA DO ROCK!!! E NUNCA SE ESQUEÇAM, O ROCK ACIMA DE TUDO É QUEBRAR REGRAS, É NÃO SE CONFORMAR, É LUTAR E TER ESPERANÇA POR UM MUNDO MELHOR, NÃO DEIXEM O ROCK MORRER, LUTEM, GRITEM E CANTEM AS MÚSICAS DE SUAS BANDAS PREDILETAS, HOJE, AMANHA E SEMPRE! VIDA LONGA AO ROCK AND ROLL!

Malibu Madness

Cara sabe quando a gente chega na praia e reclama: - Meu já tem toda essa galera na água! E da aquela olhada no relógio e percebe que ainda são 7 e pouco da matina, pois é meu caro, essa triste sensação não é exclusividade tua ou minha, é de muita gente.

Peguei esse video emprestado de um blog que gosto muito, do Edinho Leite, do qual coloco hoje o link na lateral para que qualquer um possa acessar lá, vale muito a pena.

Malibu Madness- Sea Movies from http://vimeo.com/apeel on Vimeo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ACABOU!



Antes da Copa houveram diversas discussões sobre os times, os craques, quem iria vencer e tudo mais. Analises amadoras mas que em muitos momentos foram perfeitas. Essas rodas de discussão tomaram muito do meu tempo nas semanas que antecediam o Mundial, porém, muitos favoritos caíram, muitos jogadores não jogaram bem, o Brasil não levou, nem a Argentina... Graças a deus o futebol é assim, semi-previsível.


Tinha apostado que a Holanda chegava a final, e realmente chegou, mas não pelo belo futebol que vinha apresentando, ou pelos craques que possui, chegou pela força brutal de seus volantes e até mesmo estrelas, uma equipe que nada tinha, nada carregava das seleções antepassadas que jogava limpo e lindo. Chegou a dar nojo do time liderado por Roben.


A Espanha mereceu, sem dúvida, jogou muito bem nesse mundial, pena que eles não possuem um Ronaldo, ou um Romário, por que é impressionante para um time que cria tanto vencer a maioria dos jogos do mundial por 1 a 0. Se tivessem um verdadeiro matador, seria impossível vencer-los deixando ainda mais incontestável esse título.


Porém para mim, amante do bom e velho futebol sul americano, fiquei muito feliz com a eleição de Diego Forlan como Craque do Mundial, e acabei por comemorar como um gol. Ontem de madrugada assistindo o péssimo Central da Copa, com o Mala Mor da Globo, vi que a FIFA havia eleito Forlan o Bola de Ouro do mundial, titulo que já foi de Zidane, Ronaldo, Romário, Maradona, entre outros.


Forlan, foi o líder de uma seleção que encantou nesse mundial, o Uruguai que se classificou pela repescagem, que lutou para estar em mais um mundial, nunca havia sido cogitado em qualquer roda amadora ou até mesmo profissional de futebol, nunca ninguém imaginaria que faria tal campanha, que seria a protagonista dos melhores jogos do Mundial, como contra Gana e na disputa do 3° lugar contra a jovem seleção da Alemanha.


O uruguaio, jogador do Atlético de Madri, conduziu de forma magistral sua celeste a vitórias incríveis, e com certeza foi muito mais jogador o o Villa da Espanha, o Muller da Alemanha, Sneijder da Holanda.


Merecido demais esse título para Diego Forlan e para todos os uruguaios que fizeram uma Copa sensacional e inesquecível.


Pois é, acabou-se o mundial, estamos com aquela sensação de vazio, ficamos órfãos do melhor evento esportivo do mundo, mas tudo bem, o brasileirão volta depois de amanha, e a vida ao normal.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Aos meus olhos, uma Copa....

Até o momento não havia escrito nada sobre a Copa do Mundo, não sei bem o porquê, mas hoje ao comentar o último texto do blog Pão na Chapa (link na lateral direita), vi que tinha de falar sobre o assunto.

Muito ouvi nessa Copa que sou mais argentino que brasileiro, quando o tema é futebol, muitas vezes me defendi, dizendo que não, que não era por ai, mas isso foi ficando cada vez mais evidente ao longo da competição. E realmente acabei assumindo que, torci muito pela argentina, coisa que não consegui fazer de mesmo espírito com o Brasil, com Dunga.

Isto por que os argentinos como os uruguaios possuem algo que nos não temos, algo que acaba por justificar a identificação de muitos pelo futebol platino, que é a raça e a determinação de nossos hermanos.

A verdade é que nos brasileiros fomos abençoados com a alegria, com o futebol alegre, vistoso, de passes limpos e jogadas geniais, com jogadores que mais são artistas que atletas enquanto nossos “rivais” que possuíram poucos gênios e acabaram por desenvolver outras estratégias para chegar a vitória.

Mas gostaria - se me permitem - aprofundar um pouco mais esse conceito. Argentinos e Uruguaios, além da genialidade que não receberam (exceto alguns jogadores na história), também não receberam a benção da alegria brasileira.

Como assim? Esta querendo me dizer então que eles não são felizes!? Calma. Respondo ao meu afoito leitor, o que quero dizer é que nos brasileiros temos uma forma de levar a vida que é rara em qualquer outro lugar do mundo.

Mesmo que a vida nos maltrate temos pronto um sorriso para devolver, sempre temos uma piada pronta, mesmo se o caso for o mais assombroso. O brasileiro aprendeu ao longo de sua história sorrir para a desgraça, e assim, o cangaceiro sobrevive, o morto de fome e frio morador de rua sobrevive, assim todos nos sobrevivemos a corrupção, a desgraça, ao transito, a tudo.

Mas lá fora nem todos conseguem sorrir ao diabo. Nossos hermanos Argentinos e Uruguaios, e por que não Chilenos e Paraguaios, não conseguem rir para tudo, talvez isso seja o grande motivador de tanta raça de seus atletas, tanto no futebol quanto em outros esportes.

Falando mais especificamente de que conheço melhor, o argentino, tido como arrogante por todos os brasileiros, apenas o é (apesar de discordar profundamente) por que não ri tanto, por que luta 24 horas por dia para ganhar um pão melhor, uma casa melhor, uma condição melhor. Reivindica tudo e a todos.

Todos nossos hermanos sul americanos, lutaram desde o começo de sua história, lutaram muito, e toda luta é resultante de dor.

Dor. Era ai que queria chegar. Lembram da pergunta do afoito leitor? Felizes eles são meus caros, mas vivem amargurados e possuem ainda muita dor, de tempos de ditaduras, de massacres militares, de guerras perdidas.

A recepção portenha aos jogadores argentinos(20 mil torcedores) e a recepção que já vem sendo programada para os jogadores Uruguaios que ainda possuem mais uma batalha na áfrica, é justamente o reflexo de uma nação que esta acostumada a sofrer.

São nações que sabem o quanto foi importante cada carrinho, cada gota de sangue derramada em território africano, de cada lesão, por que a cada momento de jogo, a cada minuto, a cada chute o povo estava unido, e provavelmente esquecido da dor do dia-a-dia.

A admiração que sentimos, ainda mais aflorada pela campanha brasileira na copa, é resultado da própria criação de um povo, algumas pessoas conseguem ver e se identificam com a raça platense, porém não são todos.

Essa raça vista ontem pelos Uruguaios, não veremos em nossa seleção, e até me arrisco dizer que nunca veremos nada assim, mas tudo bem, não é também motivo de desespero, por que cada país representa a seu povo, o brasileiro possui a alegria, e a determinação vai até um certo ponto, depois, não adianta pedir raça, por que essa não se aprende, se nasce.

Acredito que a magoa do brasileiro, no intimo não é porque os jogadores não deram a tal raça, mas por que o Dunga nos retirou a identidade, nos retirou a alegria e a espontaneidade, assim, não vimos nossa seleção, vimos algo com a camisa amarela em campo.

A verdade é que não tenho mais por quem torcer nessa copa do mundo, para mim, ninguém mereceu tanto ser campeão como a Argentina esse ano, nem só pelo meu ídolo Maradona, mas por Messi, Verón, Tevez, Di Maria, Heinze, Gutierrez, Masquerano, Milito, Higuaín. Pelo meu avô, pela minha avó, pelos meus tios, pelos meus primos e sobrinhos. Por toda uma nação que espera a 24 anos um titulo.

Por que merecia, por não ter fugido de suas raízes, como Dunga fez com nossa seleção.

Ontem com a eliminação do Uruguai fiquei ainda mais convicto, que não gosto do futebol europeu, um futebol industrializado, um futebol burocrático, um futebol que desconhece a paixão do 3° mundo, um futebol que não precisa de vitórias para unir seu povo.

Agora, torço para que 2014 seja diferente, não torço única e exclusivamente para o Brasil ser campeão, até por que duvido que ocorra, com as campanhas que já se iniciaram, principalmente pelo mala do Tiago do globo esporte e do mala mor Galvão Bueno, onde já colocam que é OBRIGATÓRIO ser vencedor! Obrigatório ser vencedor? Acho que o futebol ainda é um esporte, assim, vencer é parte e não seu todo.

Espero que em 2014 (como dizia), vença um time sul americano, por que esses sim necessitam ganhar, esses sim, necessitam dar alegrias a seu povo sofrido, sejam aqueles que vêm tudo de forma alegre ou a aqueles que carregam uma eterna dor em seus corações.

Mas como diz o mágico ditado, o futebol é uma caixinha de surpresas...

Dona Maria Thereza.

Estávamos voltando para “casa” depois de um delicioso jantar, com direito a vinho e file com molho de mostarda. Estava frio, quando saímos da última viela histórica da cidade em direção a um centrinho já com uma cara moderna. Estava frio, quando uma senhora disse:

- São de onde?

- São Paulo, minha senhora – respondi.

- Posso acompanhá-los?

- Claro.

Assim seguimos juntos, mas não sabia ao certo do que se tratava, não sabia se a senhora desejava acompanhar-nos por segurança, ou por outro motivo, até que ela começou a nos contar estórias de Paraty, de sua infância.

Ela havia nascido em uma fazendo próxima a cidade de Paraty, chamada de fazenda do Fundão.

Caminhando em meio da nevoa que começava a se formar sobre nossas cabeças, e o sereno já deixando sua marca nos vidros dos carros e nas ruas, conversávamos sobre estórias antigas, que formaram aquela cidade histórica.

Após algumas quadras eis que Dona Thereza saca de sua bolsa 2 tesouros, são dois livros que ela escreveu, com suas memórias, momentos vividos em sua fazenda, quando seu pai, produtor de uma tradicional cachaça paratinense era vivo.

O preço era simbólico, perto de poder conhecer um pouco mais da história daquele lugar, e após a aquisição, a senhora saca um caderninho anotando nossos nomes, junto a um monte de outros, para assim, saber quem foram seus compradores, ou melhor, seus divulgadores, sua boca em outras cidades.

Dona Maria Thereza, moradora ilustre de Paraty, nos mostrou como é simples ser uma paratinense, vivida aos seus 72 anos de idade, filha caçula de uma família de 12 irmãos, nos passou algo que não se vê mais por ai, nos passou memórias de uma vida, de uma cidade, de nosso país!

PS: Se alguém um dia se interessar, podemos arrumar um jeito de transmitir essas estórias, ou então, viaje a Paraty, com certeza ela te encontrará.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Paraty – Parte 1.



Nunca tinha pisado em uma cidade com tanta história, a verdade é que me apaixonei pela pequena Paraty.


A viagem é longa, mas passou rápida, principalmente pelo visual deslumbrante da estrada Rio-Santos, que a partir de Ubatuba é um show de montanhas, praias, desfiladeiros, coisa divina.


A chegada a Paraty foi meia desesperada, chegamos na sexta feira as 11 e meia da manha, para os menos avisados, o Brasil estava em campo contra a Holanda e vencia o jogo por 1x0, chegamos já felizes, curtindo a galera em uma praça vendo o jogo na frente de um barzinho, vendo é figura de linguagem por que estávamos longe da TV de 20 e poucas polegadas.


Estava tudo perfeito, cerveja gelada, e Brasil vencendo. Mas o segundo tempo veio, e a virada também, 2x1, tristeza e raiva momentânea, a vida segue, e para nós seguia em um paraíso histórico.


O dia seguinte seria o dia mais mágico, mas antes, a janta em Paraty. Paraty de noite talvez seja ainda mais bonita que de dia, suas ruas ficam escuras, apenas iluminadas pelos lampiões que em algum dia eram de vela e fogo, hoje, a luz elétrica simplificou um pouco.


Após caminhar pelas difíceis ruas de Paraty, por que são todas de pedras, encontramos um restaurante chamado Santa Trindade, um lugar apaixonante, simplesmente mágico, com um atendimento de primeiríssima realizado pelo nosso amigo local Wagner. A culinária é perfeita, a carta de vinhos também. Espetacular.


Bom o dia seguinte veio, e com certeza esse sábado dia 03 de julho não sairia mais de minha cabeça.


O itinerário seria conhecer algumas praias de Trindade, porém, não fazia idéia o que vinha pela frente. Trindade é super perto de Paraty, são 23 km de estrada pela Rio-Santos e mais uns 8 km pela serrinha “deus me livre” que da direto na praia do Cepilho.


A chegada na praia do Cepilho é simplesmente mágica, me flagrei pulando na van de tanto tesão do que via, altas ondas, um visual incrível, mas não, não surfei nesse pico mágico, e por mais que tenha ficado sofrendo por alguns minutos, logo percebi que não seria necessário ou que realmente iria me fazer falta.


Subimos em pedras, tiramos fotos nas alturas, rimos, brincamos, até que seguimos para a Praia do Meio, outra praia maravilhosa de trindade, onde subimos em mais pedras, e curtimos as ondas explodindo no costão, a vista do pé da montanha, que é uma formação na montanha que tem cinco pedras, que formam certinho os dedos do pé esquerdo, impressionante.


Próxima parada, piscina natural do Cachadaço. A praia do Cachadaço é uma praia histórica, que antigamente, quando Paraty era a porta de saída de todo o ouro extraído de Minas e do Rio, era um refúgio de piratas franceses e espanhóis. O nome Cachadaço vem de encontro com a idéia de uma caixa de aço, ilusão a proteção que os Piratas sentiam.


Diz a lenda que há em Trindade um tesouro perdido de uma antiga esquadra de Piratas, que usavam a praia do Cachadaço como esconderijo, porém ninguém ainda encontrou, ou se encontrou ninguém falou nada.


Depois de uns 30 minutos de trilha, muito bem aberta por sinal, com apoios e degraus para facilitar o acesso, chegamos a piscina natural do Cachadaço, onde pude nadar com um cardume de peixes lindos que simplesmente pareciam não se importar com a minha presença.


Após dessa aventura, um file de peixe (não me lembro o nome, infelizmente, mas era um peixe local) com legumes, Skol e aquela paz no espírito de ter estado em um lugar com tanta história e tão lindo.


O retorno foi meio penoso, afinal, a vontade de continuar por dias lá era enorme.


Mas ainda tínhamos sábado a noite, e domingo...


Fica para uma outra história... aguardem...


PS. Nota triste, a goleada sofrida pela Argentina para a Alemanha, injusto!!!

Surfer Dude.



Estava na última quinta feira de total bobeira, vendo televisão depois de jantar, quando procurando alguma coisa para distrair os olhos, encontro um filme chamado “Profissão Surfista” (Surfer Dude em inglês), logo pensei, melhor que nada, doce engano.


As primeiras cenas são muito bacanas, um cara surfando de longboard fazendo nose-riders com perfeição nas esverdeadas águas da Califórnia. Admito que cheguei a ficar entusiasmado e até cheguei a pensar, como esse filme passou e nunca o vi, a resposta viria mais tarde.


A história é sobre uma “lenda” de Malibu chamado Steve Addington (Matthew McConaughey), que volta de uma série de viagens nos melhores picos do mundo. Sua chegada desperta um entusiasmo em todos seus amigos, e logo caem no mar para surfar.


Última parte boa do filme.


O que segue a partir desse momento é uma série de bobagens (incluindo um reality show de vídeo game!!!!) onde mais uma vez o Surfista é colocado com um maconheiro e vagabundo sem limites. Pois é, não tenho nada com quem fuma ou com quem leva a vida de um jeito despretensioso ou até mesmo vagabundo, mas acho que essa imagem do surfista drogado e vagabundo passou, ou pelo menos é o que eu pensava até então.


O Surfista sempre foi símbolo de liberdade, de contra cultura e ultimamente via dessa forma, o ser mais livre do mundo, que corria o mundo atrás das ondas, atrás dessa liberdade, muitas vezes confrontando tudo e todos para realizar esses sonhos, mas o filme acaba com essa imagem, coloca apenas um cara, babacão, drogado, vagal, desesperado atrás de ondas.


Não digo que muitos surfistas se utilizam da maconha (exemplo) para expandir a mente, abrir seus olhos para outras coisas, mas acima de tudo, o surfista é um ser saudável que cuida de seu corpo e mente, por que afinal de contas, o catalisador do prazer das ondas é o corpo, é o meio de ligação entre a natureza e a mente.


Ah, até tem uns momentos engraçados, mas é duro de engolir esse filme, é duro por que atinge todos que curtem surfar, que sabem a real “vibe” de surfar, pena que o filme, provavelmente produzido por alguém que nunca surfou na vida, não consegue passar essa imagem, que na boa, não é difícil.


As imagens do começo e do final do filme são o retrato do que é surfar, da paz do surfe, da tranqüilidade e da harmonia que pode ser o surfe, o bale em cima da água.


Surfer Dude, Profissão Surfista, não esta com nada!!!!