"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







sexta-feira, 20 de maio de 2011

Barra a Mineira - 3° Etapa do WT - Um olhar apaixonado.



Terminou hoje o WT Rio de Janeiro, 3° parada do circuito mundial. Para a surpresa de todos, o coroado hoje foi um brasileiro, Adriano de Souza, o Mineirinho.

Mas antes de falar sobre a vitória brasileira em casa, vamos destrinchar juntos, o que foi essa etapa.

Tenho lido muito um cronista de surfe, talvez o melhor do Brasil, Júlio Adler. Colunista da Hardcore e do programa independente as Séries Fecham.

Adler tem uma forma peculiar de falar de surfe. É um dos poucos que fala a verdade, nua e crua, doendo a quem doer. Adler colocou em sua coluna no site da hardcore uma observação que condiz com tudo que estava pensando, então para não parecer uma cópia do grande cronista, já coloco as próprias palavras do homem:

“O Billabong Rio Pro é o primeiro duma série de campeonatos que voltam para o conceito criado nos anos 80 de enfiar a surfistada num beach break qualquer com boa fama e entupir a praia com potenciais consumidores para bater as metas de cada filial em determinadas regiões

As palavras de Adler refletem exatamente o que penso. Existem 2 formas de fazer um evento de surfe. A primeira é escolher um lugar que possua ondas espetaculares, perfeitas e constantes em algum lugar remoto do mundo e a outra é esquecer a qualidade das ondas e encher a praia de gente.

O evento no Rio de Janeiro cai definitivamente como uma luva na segunda opção. As ondas da Barra não são nenhum primor, lógico que não sou louco aqui de escrever que não dá onda, muito pelo contrário, aposto que deva ter dias espetaculares, mas esse é o problema, como todo beach break (fundo de areia) esta sujeito dias ruins, que por algum motivo sempre calham com um campeonato desse porte.

Em termos de onda o campeonato foi frustrante, exceto nos momentos que foram disputadas as baterias no Arpoador, que quebraram esquerdas alucinantes.

Mas quando o evento voltou para a Barra, às ondas não colaboraram e o que se viu foi um festival de ondas fechando, surfistas fazendo uma manobra, no máximo duas e ganhando notas totalmente superfaturadas. Mas a praia estava cheia! Ninguém quer saber se a nota esta certa, a galera que ver os seus ídolos de perto.

Essa idéia de aproximar o surfe da população que respira, come, bebe e toma banho de surfe, é o importante desse evento. Nesse quesito o evento foi um sucesso. Afinal, quem é o lunático de falar que o evento não foi um sucesso, já que, em plena sexta feira tinha mais de 10.000 pessoas na areia!?

Dos surfistas, o que se pode falar. Parko pegou uns belos tubos, o Slater rodou muito cedo, o Fanning também, derrotado pelo Raoni que fez seu melhor resultado no ano, um 9°. Jadson foi bem de novo, parando nas quartas, num ano que esta extremamente regular, de resto amigo, sobra falar de Adriano.

Adriano é um cara estranho. Aos meus olhos (não o conheço pessoalmente) parece as vezes o cara mais humilde do mundo e em outras o cara mais arrogante. Não posso afirmar qual é sua verdadeira faceta, mas devo ressaltar que ele é um cara extremamente dedicado e focado em seu sonho, ser campeão mundial.

Adriano não deu chances a ninguém durante todo o evento, foi disparado o melhor surfista no Rio.

Houve sim uma bateria polemica nas quartas contra Owen, mas quantas vezes existiram baterias polemicas nas quais brasileiros saíram perdendo? Engole essa sem reclamar Owen, como nós fazemos!

Assisti o evento inteiro pelos locutores gringos, por que muitas vezes não suporto a babação que é o evento transmitido pelos brasileiros, mas lá, pude ver toda a admiração pelo evento e por Adriano, apesar de uma torcida descarada na final para o Taj. Mas tudo bem é muito aceitável, nós fazemos o mesmo.

O saldo até aqui do WT não podia ser melhor. Depois de termos passado já pela Gold Coast e Bells Beach na Austrália, e agora o Rio, temos pela primeira vez um brasileiro liderando o Ranking mundial. Adriano de Souza.

Prefiro não me empolgar e dizer que Adriano será o campeão do ano. Sustentar o primeiro lugar do ranking não é tarefa fácil, chegar ao topo é uma coisa, continuar lá e outra bem diferente. Mas que ele vem sendo extremamente regular nos últimos anos, isso vem. Torcer é a única coisa que nos resta!

A única certeza de tudo isso é que as águas brasileiras são nossas, mais uma vez!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

I Surf Alone! But...


O surfe anda meio sozinho ultimamente.

Os antigos bate-voltas de carro lotado viraram uma lenda urbana, ou praieira...

Esse domingo foi dia de surfe, já que o sábado tinha sido de trabalho. A esperança era de encontrar alguma coisa surfável no meio do frio da manhã. E como estava frio.

Sigo para minha praia predileta, da qual já encontrei os melhores mares da vida, assim como mares que não valiam a saída da cama. Chego a portaria do condomínio que da acesso a praia e penso, PUTZ, ESQUECI A PARAFINA! Não podia ser sinal pior.

Parei no shoppingzinho que tem no condomínio, com poucas esperanças de encontrar alguma coisa aberta, já que eram ainda 7 e meia da manhã. Paro na banca de jornal, e penso: - Todas as bancas de jornal na praia têm parafina... Aqui deve ter também! E tinha... Ainda bem!

Com a parafina garantida, agora era vestir a roupa e encontrar algumas ondas surfáveis. Coloco no último volume, Paradise City, uma versão do CD novo do Slash, que ficou animal. O riff é irresistível, chego a praia, e encontro uma galera se arrumando, todos em silêncio. O som bruto da guitarra de Slash acorda a galera, sorrisos logo despertam.

- Sou louco mesmo, algum problema?! Penso em voz alta dentro do carro.

Pulo rápido do carro e vejo altas ondas quebrando, nem espero muito, não há nada para ver, apenas sair correndo para surfar!

Pego minha roupa de borracha, visto, passo parafina na prancha, e ai na hora de guardar a chave num bolso que tem na perna da roupa, descubro que houve uma oxidação no zíper. Fico puto na hora, como pode! Tiro a roupa, bermuda e lycra, e muito frio!

Foram 4 horas de muito surfe, no meio do crowd da galera no píer. Mas mesmo assim, sobrou muita onda boa, o mar estava beirando a perfeição, ondas abrindo muito, direitas e esquerdas, incríveis!

Batidas e rasgadas nas paredes solidas que estavam lá, sem frescura entrando na bancada de areia. Irado!

O sol tímido não fazia com que o frio passasse, e a tremedeira logo me pegou, a solução era remar para todos os lados, assim, o frio ficava controlável, mas o cansaço acabou pegando.

O triste disso tudo é não ter ninguém ali no mar para curtir junto, para ver as manobras, para dar aquele grito insano a cada onda, a cada caldo. Mas tudo bem, ao mesmo tempo o surfe sozinho, nos faz aproximar com o “seu interior”.

Papo esquisito, mas é verdade.