"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







sexta-feira, 24 de junho de 2011

Manifesto

Vai transar? O governo dá camisinha. Já transou? O governo dá a pílula do dia seguinte. Teve filho? O governo dá o Bolsa Família. Tá desempregado? O governo dá Bolsa Desemprego. Vai prestar vestibular? O governo dá Cota. Não tem terra? O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta. RESOLVEU VIRAR BANDIDO E FOI PRESO? - A partir de 1º/1/2011 O GOVERNO DÁ O AUXÍLIO RECLUSÃO? ( Td presidiário com filhos tem direito a uma bolsa de R$798,30 "por filho" para sustentar a família, já que não pode trabalhar por estar preso. Confira no site da Previdência Social.) *Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!* "Trabalhe duro, pois milhões de pessoas que vivem do Fome-Zero e do Bolsa-Família, sem trabalhar, dependem de você" Se vc é brasileiro passe adiante!!

Essa manifestação acima rodou alguns dias no Facebook, grande e mais famoso site social do momento.

No momento que li comecei a me revoltar e sabia que tinha que me posicionar quanto à quantidade de besteiras que estão escritas nesse “manifesto”.

Lembro-me muito bem que um dos motivos principais porque o ex-presidente Lula foi eleito era que o governo de Fernando Henrique não olhava para as classes pobres, não investia em peso em programas sociais, deixando cada dia um abismo entre os ricos e os pobres.

Após 8 anos de governo Lula, os números mostraram um trabalho extremamente dedicado a diminuir a desigualdade social. Não digo que o governo do Petista foi o melhor do universo, sim tivemos diversos problemas, principalmente com escândalos relacionados à corrupção com diversos políticos da plataforma do governo (o que inclui uma porrada de partidos aliados ao PT).

Mas não se engane a ler esse manifesto, afinal, você prefere um país com um monte de desesperados, miseráveis que não tem o que comer? Gerando violência contra aqueles que possuem muito? Você prefere quando perder seu emprego e tiver uma família para alimentar que o governo te vire as costas e diga, “se vira filhão”? Ou um país com maior igualdade? Com maiores oportunidades e mais justo?

Eu prefiro um país mais justo, que olha para seu povo de verdade, e não só para a burguesia rica que nada lhe falta.

Acho muito hilário a colocação das pessoas contra o “bolsa família”, o “fome zero”, o “bolsa desemprego”, porque afinal, todas essas pessoas que tanto reclamam desses programas, admiram e gostariam que o Brasil fosse igual aos países de primeiro mundo, como EUA, Inglaterra, Canadá, entre outros, e o ponto cômico dessa história é que todos esses países possuem programas similares, ou não?

Nos EUA, no Canadá, na Europa como um todo, existem programas de auxilio a famílias pobres, existem programas de auxilio a desempregados... E com toda a certeza existem programas que oferecem alimentos a pobres.

Mas no Brasil isso é errado. Neguinho tem que morrer de fome, e ainda trabalhar!

Não acho que o Brasil ande no trilho da perfeição, cuidado, preste atenção no texto. Mas acredito que programas sociais deveriam fazer do brasileiro um povo mais orgulhoso de si, e não envergonhado.

Vergonha é ver deputado analfabeto sendo eleito, ver deputado ganhando fortunas, ver um senador caindo em Blitz da Lei Seca e tentar dar “carterada” por que estava alcoolizado e com a habilitação vencida, é ver um prefeito isentar impostos para construir um estádio de futebol particular para a copa. Isso da vergonha, não ajudar quem precisa.

Tenho certeza que muita gente repassa esse tipo de manifesto sem ao menos fazer uma reflexão, sem ao menos pensar sobre o assunto. Por que se pensar a respeito verá que programas sociais são a solução para mudar um país, assim como investir de verdade na educação do povo e oferecer-lhes saúde de qualidade. O que infelizmente ainda falta.

Adoraria ver um dia um manifesto pedindo uma grande reforma política, acabando com essa quantidade ridícula de partidos que brotam do nada. Formalizar características de formação educacional para quem quiser ingressar na vida pública, como por exemplo, possuir grau superior em Ciências Sociais ou Administração/ Gestão. Diminuir os salários de vereadores, deputados e senadores e tornar-los mais dignos e justos perante a realidade do Brasil. Aprovar a ficha limpa. Só que um manifesto pela internet, num Facebook não tem valor, não tem peso. Um manifesto desses tinha que ser na Paulista em São Paulo, na Av. Atlântica no Rio, e em todas as principais avenidas desse país, todos juntos, todos no mesmo dia e horário, ai sim, teria peso de verdade, e com certeza alguém ouviria o povo que quer um país mais justo e honesto.

Obs. Esse é o meu pensamento, não significa que tenha que ser o seu, só peso que pense antes de repassar a idéia de outras pessoas, apenas isso.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Barra a Mineira - 3° Etapa do WT - Um olhar apaixonado.



Terminou hoje o WT Rio de Janeiro, 3° parada do circuito mundial. Para a surpresa de todos, o coroado hoje foi um brasileiro, Adriano de Souza, o Mineirinho.

Mas antes de falar sobre a vitória brasileira em casa, vamos destrinchar juntos, o que foi essa etapa.

Tenho lido muito um cronista de surfe, talvez o melhor do Brasil, Júlio Adler. Colunista da Hardcore e do programa independente as Séries Fecham.

Adler tem uma forma peculiar de falar de surfe. É um dos poucos que fala a verdade, nua e crua, doendo a quem doer. Adler colocou em sua coluna no site da hardcore uma observação que condiz com tudo que estava pensando, então para não parecer uma cópia do grande cronista, já coloco as próprias palavras do homem:

“O Billabong Rio Pro é o primeiro duma série de campeonatos que voltam para o conceito criado nos anos 80 de enfiar a surfistada num beach break qualquer com boa fama e entupir a praia com potenciais consumidores para bater as metas de cada filial em determinadas regiões

As palavras de Adler refletem exatamente o que penso. Existem 2 formas de fazer um evento de surfe. A primeira é escolher um lugar que possua ondas espetaculares, perfeitas e constantes em algum lugar remoto do mundo e a outra é esquecer a qualidade das ondas e encher a praia de gente.

O evento no Rio de Janeiro cai definitivamente como uma luva na segunda opção. As ondas da Barra não são nenhum primor, lógico que não sou louco aqui de escrever que não dá onda, muito pelo contrário, aposto que deva ter dias espetaculares, mas esse é o problema, como todo beach break (fundo de areia) esta sujeito dias ruins, que por algum motivo sempre calham com um campeonato desse porte.

Em termos de onda o campeonato foi frustrante, exceto nos momentos que foram disputadas as baterias no Arpoador, que quebraram esquerdas alucinantes.

Mas quando o evento voltou para a Barra, às ondas não colaboraram e o que se viu foi um festival de ondas fechando, surfistas fazendo uma manobra, no máximo duas e ganhando notas totalmente superfaturadas. Mas a praia estava cheia! Ninguém quer saber se a nota esta certa, a galera que ver os seus ídolos de perto.

Essa idéia de aproximar o surfe da população que respira, come, bebe e toma banho de surfe, é o importante desse evento. Nesse quesito o evento foi um sucesso. Afinal, quem é o lunático de falar que o evento não foi um sucesso, já que, em plena sexta feira tinha mais de 10.000 pessoas na areia!?

Dos surfistas, o que se pode falar. Parko pegou uns belos tubos, o Slater rodou muito cedo, o Fanning também, derrotado pelo Raoni que fez seu melhor resultado no ano, um 9°. Jadson foi bem de novo, parando nas quartas, num ano que esta extremamente regular, de resto amigo, sobra falar de Adriano.

Adriano é um cara estranho. Aos meus olhos (não o conheço pessoalmente) parece as vezes o cara mais humilde do mundo e em outras o cara mais arrogante. Não posso afirmar qual é sua verdadeira faceta, mas devo ressaltar que ele é um cara extremamente dedicado e focado em seu sonho, ser campeão mundial.

Adriano não deu chances a ninguém durante todo o evento, foi disparado o melhor surfista no Rio.

Houve sim uma bateria polemica nas quartas contra Owen, mas quantas vezes existiram baterias polemicas nas quais brasileiros saíram perdendo? Engole essa sem reclamar Owen, como nós fazemos!

Assisti o evento inteiro pelos locutores gringos, por que muitas vezes não suporto a babação que é o evento transmitido pelos brasileiros, mas lá, pude ver toda a admiração pelo evento e por Adriano, apesar de uma torcida descarada na final para o Taj. Mas tudo bem é muito aceitável, nós fazemos o mesmo.

O saldo até aqui do WT não podia ser melhor. Depois de termos passado já pela Gold Coast e Bells Beach na Austrália, e agora o Rio, temos pela primeira vez um brasileiro liderando o Ranking mundial. Adriano de Souza.

Prefiro não me empolgar e dizer que Adriano será o campeão do ano. Sustentar o primeiro lugar do ranking não é tarefa fácil, chegar ao topo é uma coisa, continuar lá e outra bem diferente. Mas que ele vem sendo extremamente regular nos últimos anos, isso vem. Torcer é a única coisa que nos resta!

A única certeza de tudo isso é que as águas brasileiras são nossas, mais uma vez!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

I Surf Alone! But...


O surfe anda meio sozinho ultimamente.

Os antigos bate-voltas de carro lotado viraram uma lenda urbana, ou praieira...

Esse domingo foi dia de surfe, já que o sábado tinha sido de trabalho. A esperança era de encontrar alguma coisa surfável no meio do frio da manhã. E como estava frio.

Sigo para minha praia predileta, da qual já encontrei os melhores mares da vida, assim como mares que não valiam a saída da cama. Chego a portaria do condomínio que da acesso a praia e penso, PUTZ, ESQUECI A PARAFINA! Não podia ser sinal pior.

Parei no shoppingzinho que tem no condomínio, com poucas esperanças de encontrar alguma coisa aberta, já que eram ainda 7 e meia da manhã. Paro na banca de jornal, e penso: - Todas as bancas de jornal na praia têm parafina... Aqui deve ter também! E tinha... Ainda bem!

Com a parafina garantida, agora era vestir a roupa e encontrar algumas ondas surfáveis. Coloco no último volume, Paradise City, uma versão do CD novo do Slash, que ficou animal. O riff é irresistível, chego a praia, e encontro uma galera se arrumando, todos em silêncio. O som bruto da guitarra de Slash acorda a galera, sorrisos logo despertam.

- Sou louco mesmo, algum problema?! Penso em voz alta dentro do carro.

Pulo rápido do carro e vejo altas ondas quebrando, nem espero muito, não há nada para ver, apenas sair correndo para surfar!

Pego minha roupa de borracha, visto, passo parafina na prancha, e ai na hora de guardar a chave num bolso que tem na perna da roupa, descubro que houve uma oxidação no zíper. Fico puto na hora, como pode! Tiro a roupa, bermuda e lycra, e muito frio!

Foram 4 horas de muito surfe, no meio do crowd da galera no píer. Mas mesmo assim, sobrou muita onda boa, o mar estava beirando a perfeição, ondas abrindo muito, direitas e esquerdas, incríveis!

Batidas e rasgadas nas paredes solidas que estavam lá, sem frescura entrando na bancada de areia. Irado!

O sol tímido não fazia com que o frio passasse, e a tremedeira logo me pegou, a solução era remar para todos os lados, assim, o frio ficava controlável, mas o cansaço acabou pegando.

O triste disso tudo é não ter ninguém ali no mar para curtir junto, para ver as manobras, para dar aquele grito insano a cada onda, a cada caldo. Mas tudo bem, ao mesmo tempo o surfe sozinho, nos faz aproximar com o “seu interior”.

Papo esquisito, mas é verdade.

domingo, 24 de abril de 2011

Hells Bells. 2° Etapa do WT – Um olhar apaixonado.


50 anos de comemoração de um campeonato extraordinário.

Lembro do filme, Caçadores de Emoção, com Patrick Swayze, onde em uma roda de surfistas fala sobre a famosa tempestade que atinge a Austrália, mais especificamente a praia de Bells Beach a cada 50 anos.

Não sei se foi a famosa tempestade de Bohdi (personagem de Swayze), mas que nesses últimos 5 dias vimos um swell incrível por lá, vimos. Fazia tempo que não via uma ondulação a cima de 2 metros de altura, com tanta qualidade por tantos dias seguidos.

Bohdi morre no final do filme, prefere a morte em uma onda dos sonhos a viver preso o resto de sua vida na cadeia. Em Bells esse ano ninguém morreu, ninguém foi conduzido ao inferno, bem, pelo menos literalmente, por que depois desse evento, alguns surfistas já se encontram com a corda no pescoço.

O WT agora tem uma postura diferente, quem não for bem, esta fora logo no meio do ano, e tem muita gente boa que vai acabar rodando. Inclusive alguns brasileiros, ou melhor, em minha opinião, Raoni Monteiro.

Raoni é um excelente surfista, merecia ficar mais tempo, mas vejo a ele o mesmo destino fatídico que teve Neco no ano passado. Não conseguindo se ajustar aos critérios de julgamento, além de ter pouco tempo para se adaptar as ondas do circuito, muito provavelmente voltará a disputar o estressante WQS e o circuito nacional, ao menos que mude esse cenário fazendo resultados incríveis nas próximas 3 etapas.

Heitor Alves, esta na mesma situação que Raoni, porém já pode fazer uma boa exibição esse ano, não sei, ele para mim é uma incógnita, pode deslanchar como acredita Kelly Slater, ou pode voltar ao WQS, depende dele.

Alejo foi bem como sempre, mas deu azar de surfar contra seu compatriota Jadson, que vem evoluindo muito, seu backside esta cada vez mais selvagem, mas fluido e rápido. Jadson vai muito longe no mundial, não sei se um título, mas ficará como Adriano, muito tempo entre os melhores do mundo.

Mas nem tudo esta perdido para Alejo, este possui um excelente resultado na 1° etapa e bons resultados em WQS que auxiliam na hora da degola. Esta em 9° lugar no ranking, empatado com Jadson.

Adriano é um caso a parte. Sempre foi o cara do Brasil para lutar pelo inédito título mundial. É nítida a vontade desse guerreiro, mas ainda peca na irregularidade. Nas transmissões sempre escuto falarem sobre a construção de um momento.

Esse momento se constrói através de vitórias seguidas nas baterias. Tornando aquele momento de empolgação perigoso para os outros competidores. Adriano deveria ter mantido o seu, venceu de forma brilhante o 10 vezes campeão mundial, Slater, deixando-o em combinação de notas. Adriano colocou contra seu maior rival uma somatória de 18 pontos sobre vinte e foi encarar Joel Parkinson nas semis.

Adriano não foi páreo para Parko, que em poucos minutos somou notas que davam a vaga para a final. É dessa regularidade que falo. Essa era uma vitória que poderia ter sido conquistada, todos tinham medo de Adriano, afinal, deixar em combinação o 10 vezes campeão do mundo não é para qualquer um.

Adriano fecha seu campeonato com um 3° lugar e assume mais uma vez seu lugar no ranking, dentro top 5. Sentado tranquilamente na 4 colocação, Adriano tem tudo para incomodar esse ano, e quem sabe igualar ou melhorar a marca de Vitor Ribas, que até hoje é o melhor brasileiro no mundial com um 3° lugar.

A FINAL

Joel Parkinson atropelou todos seus adversários durante o campeonato.

Mick Fanning atropelou todos seus adversários durante o campeonato.

Parko mandou para casa Adriano nas semis, e Fanning vez uma bateria espetacular contra Jordy Smith, somando 18.87 de 20 possíveis (uma das melhores baterias do campeonato e do ano).

Na final Joel atropelou Fanning.

Joel surfou muito, muito, muito cansado. Mesmo assim, arrancou notas espetaculares como um 10 (que não sei bem se foi mesmo, porém não mudaria nada), que foi mais um premio para o filho mais querido da Austrália.

Ao terminar, Fanning abraça seu amigo de infância na areia. Visivelmente feliz pela conquista do seu “irmão”. Parko, corre loucamente para o que já lhe pertenceu outras 2 vezes, o SINO.

O sino tocou mais uma vez, e agora depois desse festival de ondas perfeitas, o tour se dirige ao Rio de Janeiro, nas marolas sem vergonha de nossos beach breaks. Só espero que a tempestade de Bohdi, dirija-se as águas cariocas, e possamos apresentar um show como foi na Austrália!

O WCT do Rio vai dos dias 11 a 22 de maio.

Até lá.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A arte de educar.


Nunca em minha vida havia pensado em ser professor. Quando menino queria ser bombeiro ou astronauta – provavelmente – como quase todo menino de 5 a 10 anos. Depois, por toda a minha adolescência sonhei em ser um campeão. Era o que mais me motivava até entrar em minha “sala de aula”, a quadra!

Ser um educador é algo que nunca tinha pensado.

De repente a vontade de ser um grande atleta se transferiu, pela lógica, em ser um treinador do mesmo esporte. Mas a vida foi me conduzindo por outro caminho, até que hoje não tenho outro sonho, ou melhor, vivo um sonho do qual nunca havia sonhado, me tornei um jovem professor.

Ser um educador é algo especial, é aquele individuo que pode, ou melhor, possui o poder de ajudar uma quantidade de outros indivíduos a serem melhores seres humanos. Pode-se mostrar a seus alunos o que é o amor, a amizade, a justiça, a responsabilidade e ainda, pode ajudar-los a pensar e sonhar.

Sempre lembramos com orgulho de algum (e se possível de alguns) professor que nos marcaram, que nos disseram alguma coisa, ou que nos complicaram a vida de tal forma que naquele momento ficamos até cegos de tanta bronca, mas depois, vemos o quanto foram importantes para nosso crescimento.

Existem tantos professores que me marcaram, professores que me ensinaram a pensar de forma crítica e a não acreditar em tudo que era dito; existiram professores que me ensinaram a transcender pensamentos e fundi-los em palavras em uma página pautada de caderno; existiram professores que me fizeram suar e queimar todos os neurônios, para mostrar que, a vida não é tão fácil e muito menos tão exata quanto a matemática ou a física.

Hoje tento colocar um pouco de cada professor que tive dentro de mim para tentar ajudar meus alunos a crescerem, a absorverem valores que não são ensinados na faculdade, nem em livros ou normas educacionais.

Trabalhar com crianças, desde as fraldas até seus 10 anos, me mostra o quanto podemos fazer para ajudar a esse mundo ser melhor, ser mais belo, ser mais romântico.

Poder todos os dias chegar mesmo que exausto ao portão da escola, e assim que ele fica para trás, ver os sorrisos daqueles que te esperaram a manhã toda para sua aula, vale muito, vale mais que qualquer salário, estresse ou problema.

Poder sonhar junto com essas crianças, dividir seus anseios, seus medos e auxiliar-los com isso, é maravilhoso. Poder tornar-los mais humanos, algo que deveria ser tão natural, mas que nos dias de hoje podemos perceber que não é bem assim. Humanizar nossas crianças é um trabalho árduo, fazer-los entender que é mais fácil amar um amigo (a) do que maltratá-lo ou ridicularizá-lo.

Sou professor de educação física, trabalho com futsal e natação, assim como aulas de educação física e construção de jogos e neles meu principal objetivo não é que sejam craques da bola, ou futuros “Cesar’s Cielos”, meu principal objetivo é que saibam amar, saibam sonhar, saibam criar amigos e viver uma vida saudável, uma vida FELIZ!

Hoje sou professor e me orgulho tanto disso, tenho tanto prazer em dizer que minha profissão baseia-se em ensinar.

ENSINAR!

Queria agradecer a todos os professores que tive, aqueles que amei e até mesmo aqueles que não me dei bem, por que com todos eles aprendi. Foi com todos eles que cheguei aonde cheguei, somando ainda com os maiores “professores” que tive, meus pais.

Muito obrigado, e que nunca desistam de um aluno e principalmente, nunca desistam da arte de educar, afinal, o mundo depende de nós.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A feiticeira.



Fazia tempo desde nosso último encontro, do qual a data me falha a mente. A ausência de simples coisas na vida, são como uma ulcera da qual você só percebe quando o problema já é grande, quando a dor é quase insuportável, ai meu irmão, é hora do remédio salvador e torcer pela cura!

Fazia tempo desde nosso último encontro. Há meses ficava a frente do computador estudando as ondulações para ver quando ela iria funcionar, e principalmente quando poderia estar lá para ver as maravilhas da natureza em formatos cilíndricos, perfeitos!

Fazia tempo que não a avistava de longe, em cima de sua pedra, fingindo não estar nem ai para o mundo, mas lançando de forma secreta todo o seu feitiço, não como uma sereia mas como a feiticeira que és.

A tempos as ondulações não quiseram combinar como meus horários de “escravidão” dentro da selva de pedra. Trabalho, trabalho e mais trabalho e lá as ondas estavas a chegar. Sofri diversos dias, a saudade estava absurda.

Nesse último final de semana, parecia estar tudo certo, o vento, o período das ondas, até estava otimista quanto ao tamanho. Boletins, sites, mapas, tudo estava ali, estava ansioso, logo vou dormir na noite fria de sexta feira. Antes, programo os relógios para as 5 e 10 da matina, surfista que é surfista acorda ainda de noite para ir atrás de suas amadas aquáticas.

Levanto no meio daquela preguiça básica, onde o diabinho sob o ombro tenta me convencer a continuar dormindo. Um Cala-boca de água fria na cara faz o diabinho voltar rápido para seu lugar. O otimismo invade o coração e a alma, vamos embora, é hora de surfar no meu antigo quintal.

Sozinho na estrada, procuro em meio de meus CD’s um que combine com esse momento, tento um, o som se recusa a ler-lo, procuro outro, e o mesmo acontece – as vezes meu som pode ser bem temperamental – na terceira tentativa eis que surge um dos melhores discos de todos os tempos, o Black álbum do Metallica. Nada poderia ser mais perfeito! Intersand Man a todo volume!

Chego á praia logo, eram 7 e pouco da manha, o sol dava um visual insano para a praia, meu coração estava explodindo, sai correndo do carro em direção do calçadão para ver minhas princesas, chego meio ofegante e logo vejo...

Elas... Não estavam lá...

O visual era de uma baia lisa, quase sem nada de ondas, apenas alguns marmanjos com seus Stand Up’s, tentando fazer algum exercício. Logo me vem aquele sentimento de decepção, não sabia o que fazer, não queria novamente ir ao Guarujá, ainda mais num sábado... Quando estava quase desistindo e voltando para casa, vejo sob o ombro uma série, humilde, mas com potencial para ser surfado.

Voltou correndo para o carro, pego a prancha, arranco a camiseta, tranco tudo e saio disparado para o mar. Corro por vários e vários metros, até o teleférico, de lá, água!

Chego ao fundo e percebo a verdadeira realidade, não tem onda hoje! E logo vem aquele papinho safado que sempre rola no outside, “Pô Brow, você tinha que ter visto ontem, tava perfeito”, droga, pensava!

Depois de alguns minutos de espera naquela manha fria, porém ensolarada vem uma série de três ondas, pego uma delas e logo vejo que pode ser bom, que nem tudo estava perdido.

Voltando para o fundo, olho sob o ombro e vejo lá longe a minha feiticeira, peço a ela um pouco de magia naquela manha, quem sabe uma onda para marcar o dia, e diminuir a saudades dos cilindros poderosos que apenas ela pode proporcionar.

Depois de uma hora e pouco, o feitiço chega em forma de água esverdeada, sem muito poder, mas linda, lisa, e abrindo, é essa, remo como um maluco, não posso perder-la, “rema, rema, rema!!!” e lá sigo por suas linhas, com uma batida poderosa na junção. Missão cumprida! Valeu a pena tudo!

Depois ainda viria uma esquerdinha, linda, perfeita, que prazer!

São nessas horas que mesmo quando o desespero bate, quando a visão não mostra nenhuma condição de ser feliz, a perseverança ou simplesmente um impulso pode mudar tudo, pode te proporcionar um momento mágico, que faça tudo valer a pena.

A volta a São Paulo, foi tranqüila, devagar, sem pressa de chegar, apenas pensando, quando voltar!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Snapper Rock’s – 1° Etapa do WT – Um olhar apaixonado.



Há de se dizer a verdade – sempre – o cara é imbatível mesmo quando não exibe a sua característica vontade de vencer.

Nesses últimos dias, mais precisamente desde o dia 26 de fevereiro até a madrugada de hoje, aconteceu na Austrália à etapa de abertura do World Tour 2011. Primeira parada na praia dourada de Snapper Rock’s.

Foi um campeonato estranho, devo confessar, já que grandes nomes não mostraram para que foram, caindo inesperadamente logo nos primeiros rounds, caso do local Mick Fanning que caiu no 3° fase do evento, colocando-se em um lugar de risco, já que o ranking desse ano tem muitas mudanças, uma posição como essa deve ser logo substituída.

Ainda tratando da estranheza causada pela falta dos grandes nomes do surfe, os classificados no 4° round, que dava passagem direta as quartas, eram todos garotos, incluindo o Grande Alejo, que falo logo mais. Vamos destrinchar o campeonato:

Subjetividade:

Snapper’s 2011, será marcada pela subjetividade.

Mesmo que o coração queria dizer que houve influência direta do julgamento dos juízes que acabaram beneficiando alguns, sortudos, devo tentar me apegar aos fatos, mais que o calor da torcida.

Ontem fiquei revoltado com 2 baterias, e com a sobrancelha em pé em outras.

A bateria que me levantou a sobrancelha foi entre Jordy Smith e Joel Parkinson, onde o sul-africano (Jordy) venceu na última onda, no último segundo, o “filho” da Gold Coast (local onde fica Snapper), com uma nota exata, suprindo a sua necessidade. Estranho, no mínimo.

Depois Taj venceu Mineiro.

O Adriano de Souza perdeu após surrar Taj por 28 minutos, perdeu por 0.12 décimos de pontos. O cenário foi parecido ao descrito antes, porém mineiro era detentor de duas notas 9 e pouco e, Taj precisava de uma nota do mesmo patamar. Em sua última onda, ele defere 4 incríveis batidas no lip da onda, porém todas iguais, contrariando um dos critérios mais exigidos hoje pelos juízes, variação de repertório, resultado, conseguiu sua nota também, quase exata. Mineiro encerra a melhor bateria do campeonato e amarga uma 9° colocação.

A que me deixou mais indignado, porém a que menos me causou algum tipo de amargura foi na bateria do estreante Alejo Muniz. Esse garoto do qual aposto todas minhas fichas, surfou muito, mas esbarrou também na subjetividade dos juízes, dessa vez o sortudo foi Jordy, do mesmo jeito que todas as baterias anteriores descritas.

Azar? Condução de resultados? Sentimentos envolvidos? Subjetividade é a resposta.

Alejo:

Alejo é um garoto nascido na argentina e naturalizado brasileiro. Surfa com tanta classe, tanto estilo, com tanta força que deixa esse humilde amante do surfe competitivo sem fôlego. Esse menino de 20 anos, me fez conectar todos os dias para assistir-lo, e quer saber, valeu muito apena as madrugadas viradas para ver-lo.

Estreou como um anônimo e já logo de cara mostra para todo mundo o que muitos já sabiam, veio para ficar e principalmente incomodar. Mesmo que não vá tão bem nas próximas etapas, Alejo terá tempo para construir uma carreira brilhante, e não duvidaria nada se o primeiro título brasileiro viesse dele.

Irônico ver um meio argentino, meio brasileiro vencendo pelo Brasil. No mínimo irônico, mas familiar...

Taj:

Taj é um eterno azarado. Essa também é a verdade. O Australiano mais que merece um título mundial, mas me arrisco em dizer que, enquanto Kelly esteja no circuito isso não vai acontecer, e se Taj não possuir a mesma longevidade do careca, provavelmente vai encerrar sua carreira sem a tão sonhada taça.

Foi disparado o melhor surfista do campeonato, único a parar-lo? O “insignificante” 10 vezes campeão do mundo.

Slater, até quando?

“Eu me diverti muito. Foi até fácil”, Kelly em entrevista.

Kelly Slater, 10 títulos do mundo. 46° campeonatos conquistados. Mais de 68% de aproveitamento em baterias. O que falar mais? Há ele esta com 39 anos e venceu o campeonato ontem.

Slater não surfou como de costume, parecia um cara normal, aproveitando as férias de verão. Entrava na água para surfar altas ondas sem se preocupar se arrastava consigo milhares de pessoas na praia, ou a íra de outros competidores que não agüentam mais ver a sua careca reluzente.

Assisti boa parte de suas baterias e a única bateria que vi um mínimo esforço, um traço longínquo de seu foco competidor foi contra Ace Buchan, onde destroçou uma onda com impressionantes porradas na crista da onda.

Na final tinha certeza que Taj iria vencer-lo, mas isso se deve a terrível intromissão da comissão organizadora que decidiu – na minha humilde opinião – adiar por algumas horas a fase final, terrível erro, que custou muito na qualidade de ondas.

Bom para o careca, que soube encontrar duas ondas medianas, e venceu Taj mais uma vez. Agora são 17 vitórias contra 7 do australiano.

Concluindo...

Snapper’s mais uma vez possibilitou um show de surfe, um show de emoções, fica a ressalva ao acerto do novo formato do campeonato, que trouxe mais confrontos incríveis.

Agora é esperar cerca de um mês para ver toda essa galera de novo em ação, em Bell’s Beach que nesse ano comemora seu 50° aniversário... Imperdível, até lá!