"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







sábado, 27 de novembro de 2010

Chove chuva...


Um show, um momento, uma família, um sonho...

Segunda feira passada pude ver como a história é importante na vida das pessoas, como o rock pode continuar vivo na mente e no coração das pessoas.

Ver muitas pessoas de idade mais “avançada” assistindo, cantando, dançando as baladas que foram o embalo de suas juventudes, e ainda, embalam novos jovens, novos garotos e garotas.

The Beatles foi uma das mais importantes bandas da história, seus personagens foram revolucionários e mudaram o jeito de fazer rock and roll, mudaram o jeito das pessoas pensarem.

4 garotos de Liverpool que saíram da pequena cidade inglesa para o mundo. 2 se foram, inexplicavelmente o rock tem dessas coisas, seus ídolos morrem, sendo assassinados, morrendo de overdose, desprendendo-se do mundo, morrendo sozinhos em quartos de hotel, entre tantas outras formas tristes de largar seus fãs sem nada.

Mas um deles sobreviveu, Paul McCartney, esta vivo.

Paul veio a Brasil, sei lá depois de quanto tempo de sua última visita, fez duas apresentações. Domingo e segunda, dias históricos para o rock brasileiro, dias 21 e 22 de novembro.

Segunda amanhece com calor, mas a chuva logo chegaria, e como choveu, o caminho pela João Saad, em baixo de uma chuva insana, já nos mostrava que ia sem um show molhado.

Já na arquibancada, vemos um palco, com telões enormes, a cerveja esta gelada, e a chuva parece dar uma trégua.

Logo Paul entra em cena. Com seu contra-baixo em baixo do braço, blazer roxo, sorriso no rosto. Ensaia lindas palavras em português e logo se põe a cantar.

A história se completa.

“Essa musica eu escrevi para meu amigo John” o céu que estava totalmente encoberto abre um espaço para aparecer uma lua cheia, inacreditável. Me arrepio inteiro, John esta ali. John esta ali.

Depois de uma quantidade de clássicos, e músicas de sua carreira solo, “essa musica eu escrevi para meu amigo George”, a lua reaparece, as lágrimas rolam quentes pelas bochechas. Essa não era só especial para o George, era para mim também. Something...

Something.

Uma noite histórica.

Ver minha mãe, jovem beatlemanica sorrindo perdida entre tanta emoção...

Tem coisas que só o Rock proporciona, pena que este, esta morrendo aos poucos, afinal nossos ídolos vão morrendo a cada dia, novas canções se tornam velhas conhecidas, velhas bandas se tornam história... O que será de nos quando estivermos velhos? Quem vamos ver em estádios lotados?

Ps. O próximo já esta comprado. Ozzy Osborne no Anhembi, 02/04/11... Temos que ver sempre a história de perto, antes que elas estejam apenas nos livros, discos e CDs....

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Velhos? Só se formos nós!


Dentro do tradicional campeonato Havaiano chamado de Tríplice Coroa Havaiana, esta sendo disputada nesse momento no arquipélago, esta acontecendo um campeonato paralelo nas águas cristalinas de Haleiwa.

Esse campeonato foi chamado de Clash of the Legends (Embate ou confronto das lendas) e nada poderia ser mais justo para o que vemos dentro da água. A idéia é bastante simples, juntar um monte de ex-campeões mundiais em uma bateria “profissional”.

Mas juntar campeões do mundo é certeza de grande entretenimento para quem vê e grande disputa para quem participa.

Ver o Touro Indomável conhecido também por Mark Occhilupo magro, forte novamente em plenos 44 anos, enfrentando seu maior rival, o mestre do estilo Tom Curren, em ondas de mais de 2 metros é para tirar o chapéu, abrir uma cerveja e simplesmente ajoelhar-se a frente do computador e agradecer aos deuses do surfe!

Os caras estão disputando uma bolada de 10 mil dólares, mas não é só isso que importa, o que importa é que para esses caras é, que a competição nunca saiu de suas veias e nesses poucos momentos (oportunidades) eles voltam com tudo e mostram para molecada que surfar não é sair voando e rodando em cima das ondas, é acertar porradas, tiros de escopeta ou até mesmo de bazuca nas pesadas cristas havaianas.

Para esses caras, surfar sempre foi o maior desafio e hoje pode-se perceber que lutam contra a idade, mas calma, lutam para não envelhecerem fisicamente, por que definitivamente o surfe deles continua novo.

Eles já disputaram 2 das 3 baterias desse “campeonatinho”, e Tom Curren lidera com pouca vantagem, em 2° lugar vem Occy, em 3° Sunny e por último mas não menos importante vem Tom Carroll, que na primeira bateria surfou um monstro e pensar que ele não surfava a 8 meses por conta de uma complicadíssima fratura na fíbula.

Falta apenas uma bateria, mas para quem não pode ver nenhuma, coloco aqui os melhores momentos das 2 primeiras baterias. Não é a mesma coisa, mas pode-se ver o quanto são jovens esses aposentados!

Tá reclamando que ta ficando velho? Vamos embora, que a idade é uma questão de espírito!!! Bota pra baixo veiarada!!!!!!!!!!!!!!!!







Para saber o que esta acontecendo:

Tom Curren: (Azul) 46 anos, 3 vezes campeão mundial (1985, 1986 e 1990).

Total de pontos: 30.16

Mark Occhilupo: (Vermelho) 44 anos, 1 vez campeão do mundo (1999).

Total de pontos: 29.86

Tom Carrol: (Branco) 49 anos, 2 vezes campeão mundial (1983 e 1984).

Total de pontos: 22.67

Sunny Garcia: (Amarelo) 40 anos, 1 vez campeão mundial (2000).

Total de pontos: 23.45

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A morte de um campeão.



Depois de um final de semana prolongado por conta do feriado, tinha montado todo um texto na minha cabeça, afinal, dentro de tantas coisas boas nesses últimos dias, tive experiências no mar que valiam demais um texto, tinha até o título pronto, porém, algo difícil demais de entender aconteceu ontem, terça-feira, dia 2 de novembro, dia de finados, dia que um ídolo foi embora.

A pouco tempo escrevi um texto intitulado de “A volta de um campeão”. Esse texto contava o retorno ao lugar mais alto do pódio de um tri-campeão mundial de surfe, que após um tempo afastado das competições tinha alcançado mais uma vitória no circuito mundial, onde ele não acreditava que conseguiria, ainda mais tão cedo.

Esse cara, chama-se Andy Irons. Um havaiano, que apesar de ter um dos surfes mais bonitos de todos os tempos, era um animal quando se tratava de competição, tanto que foi o único adversário verdadeiro que o maior de todos os tempos, Kelly Slater teve, e este ainda reconhece que todos os confrontos e a convivência o fez ser um melhor ser humano.

Andy sempre teve uma imagem conturbada, afinal tinha posto em cheque a posição de melhor do “queridinho” da mídia mundial, não que Slater não o merece-se por que não creio que haja nesse mundo alguém que surfe e compita melhor que o mesmo. Porém Andy mostrou ao mundo que o Alien careca não era imbatível como se pensava, e isso incomodou muita gente.

Após o tempo que ficou afastado, o rebelde e impulsivo Andy deu lugar a um cara sereno, um cara com uma humildade incrível. Andy em suas entrevistas sempre falava que havia reencontrado o caminho da felicidade, tinha reencontrado o prazer de surfar e de competir, porém, seus olhos mostravam uma besta muito mais calma, afinal, ele já não era aquele jovem agressivo, ele agora era um sujeito de 32 anos, esperando para ser papai.

Sua mulher estava no 8° mês de gestação, era um menino. Andy havia conquistado uma vitória no ano, estava bem ranqueado no circuito neste ano, estava em forma, e principalmente esbanjava uma alegria contagiante. Mas isso se foi, e se foi tão abruptamente que ninguém consegue entender.

Andy tinha competido em Portugal, a última etapa disputada até então. Enquanto todos os surfistas da elite mundial seguiram para Porto Rico, o havaiano apresentava um quadro de virose. Mesmo assim foi para Porto Rico disputar a penúltima etapa do ano, mas lá ficou ainda pior.

O surfista desistiu da competição, apresentava um quadro tenso, estava mal demais. Os médicos disseram que ele estava com dengue, e assim, Andy resolveu ir para casa, o Havaí, mas ele nunca mais veria sua ilha mágica.

Andy morreria em um quarto de hotel, sozinho, longe da mulher, longe da família, longe dos amigos.

Aparentemente Andy contraiu uma dengue hemorrágica, e foi encontrado morto em sua cama com alguns frascos de remédios em seu criado mudo. Alguns médicos dizem que ele pode ter sofrido uma overdose de remédios, porém, não é bem assim. Os remédios estavam para ajudar-lo a enfrentar a dor que esse tipo de dengue apresenta.

O motivo da morte de Andy não será revelado tão cedo, pelo menos teremos que esperar entre 2 a 3 meses, que sairá o laudo da autopsia.

O que nos resta é relembrar o sujeito que foi, lembrar de seu surfe, de suas palavras, de seus títulos, e assim torná-lo inesquecível no mundo do surfe e em todo o resto.

As vezes me surpreendo como podemos ficar abalado por sujeitos que nem conhecemos, mas o que um amigo me falou é verdade. Como amo tanto o surfe, acompanho tanto os campeonatos e os surfistas é impossível não se envolver e fazer parte, pelo menos um pouco da vida do cara e ele da sua.

A verdade que fiquei sem reação quando vi a notícia na TV. Simplesmente não acreditei e para ser sincero, ainda não acredito muito.

Espero que nesse momento Andy esteja surfando altas ondas no paraíso, e que seu filho tenha todo o carinho do mundo, e que as pessoas que o cerquem contem a ele tudo que seu pai representou no esporte e na vida de tanta gente espalhada pelo mundo.

Vá em paz, campeão...