"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







domingo, 31 de janeiro de 2010

Rebatendo a Melancolia


Essa semana foi toda dedicada a observar as ondulações que estavam chegando (ou não chegando a costa paulista). Sites e mais sites de previsão de ondas, boletins especiais e parecia que nada estava a caminho.


Mas a vontade de surfar estava alta demais, quase insuportável, foi ai que surgiu aquele brother, aquele parceiro de surfe para fechar um bate volta arriscado nesse sábado meio nublado.


Chegamos muito cedo ao Píer de Mongaguá, com aquela expectativa de ver pequenas marolas, mas para nossa surpresa, tinham belas ondas, não muito grandes, mas perfeitas, sem vento. Ver aquelas ondas encheu o coração de alegria, saímos correndo para o carro, arrumamos as pranchas em pouquíssimos minutos e fomos direto para dentro do mar.


Mas nada é perfeito, ao entrar na água descobrimos que havia uma correnteza forte, que teimava em nos jogar para o píer. Logo mudamos de lado, e fomos por dentro do píer mesmo para o lado direito. Desse lado as ondas estavam excelentes, esquerdas quebravam perfeitas.


Para ser bem sincero não encontrei nenhuma grande onda naquele começo. Meu amigão, Caio, já estava em total sintonia com o mar, quebrando as ondas como sempre naquele seu estilo imbatível, com um surfe super forte.


Depois de um tempo, saímos do mar, e voltamos a tentar entrar do lado direito do píer, onde estavam as melhores ondas e dessa vez passamos a arrebentação com muita tranqüilidade, sentamos lá no fundo e esperamos as séries que chegavam a um bom metro de face.


Surfar com o Caio é uma experiência muito legal, por ele passar as melhores dicas de como executar as manobras. Depois de um pouco de informações apontou uma série incrível no horizonte, e ele já me gritava: “Olha essa direita, rema, rema, rema...”.


Posicionei-me certinho no pico da onda, remei muito pouco e já estava surfando. Fiz 3 manobras com muita força, tentando colocar tudo aquilo que imaginava e que queria fazer, terminei a onda extasiado.


Quando estou voltando para o fundo, começo a escutar gritos e mais gritos, observo o line up, (a galera posicionada no fundo) e vejo meu brother louco, super feliz pela onda que tinha feito. Segundo ele, água voava por todos os lados, suas palavras resumem bem: “Mano, você quebrou!!!!”.


Não podia estar mais feliz, mas logo descobriria que o investimento em minha nova menina mudaria minha vida para sempre, uma divisão de águas. Outra série igual se aproximava, estava no local perfeito para entrar na onda, só que dessa vez, não fui sozinho.


Um para a direita e o outro para a esquerda. A onda quebrou na mesma qualidade para os dois lados, e ambos fizeram suas ondas com maestria, salvo as diferenças e nível de surfe, ambos quebraram tudo! Não sei dizer se essa onda foi ou não melhor que a anterior descrita, mas a sensação de fazer tudo aquilo que você pensa na onda, é a melhor coisa que existe. Era tudo o que eu precisava, estava de cabeça feita, e a paz tinha voltado ao meu espírito.


Mas ainda faltava a derradeira, aquela última onda que não podia deixar de descrever. Depois de um papo técnico, o Caio me sugeriu que eu escolhesse duas opções para realizar na onda, uma era acelerar tudo que podia e tentar fazer uma manobra que em resumo é deslizar por cima da crista da onda, e a outra era acelerar ao máximo e tentar dar uma batida com toda a força que eu tinha.


A opção escolhida foi a segunda, desci a onda e comecei a acelerar, com tudo. Vi que a onda começava a emparedar toda e que ela ia quebra muito em breve. Preparei a “cavada” na base da onda e subi 90° graus (segundo o próprio Caio que apenas observava para dar sua opinião depois), bati na onda já quebrando e a prancha voltou sozinha, finalizando a melhor manobra que eu já fiz na vida.


Simplesmente não acreditava no que via, no que fazia, e no que ouvia. Foram as melhores ondas dos últimos tempos, e provavelmente as melhores ondas que surfei em toda a minha vida.


Para fechar o surfe, o Caio remou em uma onda da série, uma esquerda poderosa e linda, abrindo muito a parede, depois de uma manobra forte na crista da onda, a onda começou a conduzir-lo para o Píer, ai meus amigos, o surfe foi por dentro do píer mesmo, até passar ao outro lado. Gritos e mais gritos...


Sensacional! Apenas isso...



Caião valeu pelo surfe cara, altas ondas, altas risadas, altas dicas. Obrigadão cara, de verdade, por que você esta me ajudando a evoluir demais. Fora que é viajar com você, é simplesmente muito legal, muito engraçado, excelente companhia, excelente parceria. Que a próxima venha logo...

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