"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







sábado, 4 de setembro de 2010

A volta de um campeão.

Ontem tive o prazer de assistir ao vivo incrível retorno de um campeão. Não sei por que, mas essas coisas que, apenas acontecem no esporte, me instigam, me emocionam de verdade.

Ontem, o esporte em questão era o Surf, e o campeão, ou melhor, o tri-campeão era o havaiano Andy Irons, que estava afastado das competições por quase 2 anos e acabou retornando esse ano por um convite da associação de surfe internacional.


Ele sempre foi tido como vilão pela mídia especializada por ter sido o único cara que incomodou o rei dos mares Kelly Slater, e como em todas as histórias de mocinhos e vilões, acabou sobrando para o vilão o rotulo de mau e principalmente de inimigo.


Lembro-me que na época, era totalmente a favor do mocinho, e realmente achava que o vilão era vilão, mas hoje devo dizer que foi manipulado pelas revistas, pelos cronistas e por tudo que saia a respeito do surfe. Principalmente por que Andy é um cara normal, é um de nós, sujeito simples, com problemas e dificuldades, mas acima de tudo, é um sujeito incrível.


Quando Andy se afastou do circuito mundial, fez algo que ninguém esperava, convidou seu rival (Slater) para fazer uma viajem pela indonésia, o que rendeu um filme, chamando “A fly in the champange” que é muito bacana por sinal. E a partir da-li a mídia não teve mais o que escrever sobre eles, afinal, os arqui-rivais tornaram-se amigos.


Esse ano, Andy estava de volta as competições, mas seu surfe estava diferente, mas fraco, menos radical, talvez ele estivesse com menos fome de vitórias, e lógico toda a inteligente mídia do esporte, deu Andy como morto, um EX-TRICAMPEÃO mundial. Palhaçada, eu diria.


Andy foi se alimentando, a cada competição, foi entrando em forma e nesta última etapa com fome de vencer.


Mas Andy mudou, não é mais um garotão havaiano, cheio de ímpeto, Andy além de mais maduro se mostra muito mais humilde, muito mais consciente que esta com 30 e poucos anos e que sua carreira começa a chegar perto de um desfecho (apesar que creio eu que possui muitos anos ainda pela frente).


Em uma entrevista antes de começar o evento de Teahupoo no Taiti, ele comentava sobre seu ano no circuito mundial, quando uma frase me marcou. Ele se referia a possibilidade de ganhar mais uma vez. E ai ele diz algo do gênero: “Queria poder vencer mais uma vez, mais um campeonato e sentir aquela energia, sentir as pessoas gritando por você, o que para mim é o maior elogio de todos, só de pensar que levo algo para as pessoas através do meu surfe, me deixa louco”.


No final dessa entrevista ele tem um olhar diferente, e termina falando que se não conseguisse vencer novamente, estava tudo bem, mas o que o deixava realmente feliz era a possibilidade de estar de volta ao circuito mundial.


Esse olhar diferente me chamou muito a atenção, pareciam transmitir algo através de olhos tristes, pareciam estar escondendo uma fera, um monstro, que na hora me fizeram associar com o último filme de Rocky Balboa, no qual Rocky diz que ainda tinha uma fera dentro dele. Que precisava de mais uma luta, a última.


Engraçado que sei muito bem o que Andy queria dizer. Por que passei por isso a um tempo atrás, quando tentei voltar a remar, mas comigo a vitória não veio. Mas a adrenalina de estar competindo fez acalmar a besta que tenho dentro de mim.


Pois é, para Andy a vitória que ele tanto desejava veio ontem, em Teahupoo, com maestria, vencendo Slater nas semifinais, e com direito a muita alegria de todos que estavam lá assistindo.


A volta de um verdadeiro campeão, que agora mais que nunca consigo reconhecer, e vibrar a cada onda, e não mais torcer contra, como quando mais novo. Força Andy, que essa vitória seja o começo de uma caminhada que possa ser recompensada com um 4° título mundial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário