"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pipe Girls!

Stephanie em um tubão em Pipe - Fonte ASP.

Lá longe, em 2002 começou um sonho para as meninas. O filme americano chamado The Blue Crush, aqui no Brasil renomeado de A Onda dos Sonhos, conta a história de uma Havaiana que havia ganhado quando pequena o título nacional, porém depois de um trauma na maior onda e mais perigosa do mundo, Pipeline não conseguia desempenhar mais todo o potencial que tinha.

O filme é fraquinho, como todos os filmes dramáticos atualmente, mas mostra de forma escancarada a diferença das meninas e dos meninos quando o tema é surfe.

Ontem um feito histórico aconteceu no Havaí, finalmente colocaram as meninas na água, em Pipeline, para uma final da Tríplice Coroa Havaiana. Não foi um campeonato inteiro, foi apenas uma bateria, mas pelo menos as meninas puderam desfrutar de uma estrutura absurda e de um mar beirando a perfeição.

Deixa explicar melhor.

O campeonato masculino é dividido em 10 eventos, disputados em 10 lugares diferentes, com o encerramento no maracanã do surfe, Pipeline, Havaí.

O campeonato feminino é dividido em 8 eventos, e o último é em Haleiwa, Hawaí (?).

Isso por que existe ainda um pré-conceito terrível sobre as meninas. Muitos acreditam que elas não são capazes de surfar Pipe. Papo para boi dormir.

A verdade é que os mocinhos havaianos tem é medo de uma invasão da mulherada para dividir o Line-up (linha de espera para as ondas), e ainda por cima pegar as melhores ondas.

Ontem, 4 meninas tiveram a oportunidade de mostrar para a rapaziada e para o mundo, essa “falta de capacidade”. Stephanie Gilmore (4x campeã do mundo), Tyler Wright (15 anos), Coco Ho (Filha do lendário Michael Ho) e Alana Blanchard (musa do surfe mundial e classificada para o WT feminino de 2011).

Elas pegaram altas ondas, colocaram para baixo em todas as morras que vinham e muitas vezes eram nocauteadas dentro de tubos cavernosos. Mas elas sabiam a importância de uma apresentação de gala, sabiam que não podiam mostrar medo. Por que essa onda mete medo em qualquer um.

Era hora de mostrar para os homens uma vez por todas que não existe diferença, meninas e meninos no surfe ou qualquer outro esporte. Somos iguais, assim como em qualquer esfera de nossa sociedade.

As vezes fico impressionado como ainda “estamos” nessa onda de pré-conceito.

Não tenho certeza de quanto é o prêmio para o 1° colocado do Pipemastes (evento masculino), mas acredito que gire na casa de 50 a 100 mil dólares. Ontem a Stephanie GIlmore que venceu mais uma vez (diga-se de passagem), levou um cheque de 10 mil, um absurdo!!!

Tá bom, alguns diriam, 10 mil dólares para 30 minutos de trabalho, esta bom demais, ok, olhando por ai até acredito, mas você despecaria de uma onda de 2 metros e pouco, sabendo que a profundidade do mar não chega a 1 metro, e ainda o fundo e feito de coral afiadíssimo?

Os eventos diferentes, as premiações diferentes, tudo é diferente, tudo para elas é inferior e devia ser o contrário.

Elas merecem muito mais e provaram ontem para todos que estavam ali, parabéns meninas, continuem embelezando as ondas, trazendo um pouco mais de tranqüilidade para o fundo do mar, acalmando os marmajos que gostam de brigas... E principalmente continuem essa busca por mais espaço, afinal de contas, é muito mais gostoso assistir as melhores ondas do mundo sendo surfadas pelas melhores meninas do mundo!



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