"Surfar é uma arte e há muitas linhas diferentes para desenhar em uma onda" Kelly Slater







quarta-feira, 10 de março de 2010

São Pedro, trauma vencido?


Passaram-se meses desde nosso último e trágico encontro. E sem dúvida sobrou medo e mais admiração por aquela onda. Para mim (apesar de parecer até um exageiro) ela sempre me proporcionou uma mistura de medo e respeito e assim deve continuar por muito tempo.

Em nosso último encontro, em um dia de muito sol, tomei uma bela "vaca" ou caldo (se preferir) e quase fraturei meu pé esquerdo, isso por que dentro do turbilhão de água gerado pela onda, bati o pé contra a prancha, e logo percebi que tinha me dado mal. O pé inchado e quase não conseguia colocar-lo em contato com a areia da praia.

Horas no hospital e o resultado foi uma fissura em um osso do pé, nada realmente grave, mas foram longos 10 dias imobilizado.

Não me recordo exatamente o dia que foi, sei que foi algo como agosto ou setembro do ano passado e desde então sonho em surfar novamente essa onda, para acabar com esse trauma, mas no fundo continuava com medo, e assim, nosso encontro era sempre adiado.

Mas esse encontro acabou sendo marcado, até meio que de surpresa, neste último domingo. Durante aquele clássico bate e volta, estavamos no Guarujá e depois de surfarmos algumas horas na praia de Asturias, acabamos indo em direção aquela tentadora e perigosa onda.

Alguns quilometros por dentro do Guaru e mais alguns por dentro da reserva e chegavamos a praia de São Pedro. A entrada é simplesmente maravilhosa, a vista lateral da praia e as ondas quebrando nas pedras é contagiante e extremamente linda.

E lá estavam elas, alinhadas, fortes e azuis quebrando para poucas pessoas, ainda mais se tratando de um domingo de sol. Voltamos para o carro, pegamos as pranchas e saimos em direção as ondas de São Pedro.

Resolvemos entrar logo no canto esquerdo da praia, pelas pedras (geralmente entramos no meio da praia, mas nesse dia, lá era nosso "pico"), passamos logo a arrebentação e sentamos no fundo, a espera daquelas ondas.

Por incrível que pareça, não estava nervoso e muito menos pensando nesse reencontro do qual descrevo agora, queria surfar, queria pegar boas ondas e o mar estava maravilhoso para isso. Era apenas esperar pelas ondas certas que estas abriam e te davam todo o prazer do mundo.

E foi assim, ao longo de 3 insanas horas de surfe. Altas ondas surfadas, altas manobras, muita velocidade, "show de surfe".

Mais uma vez me encontrava acompanhado de um grande parceiro, Caio, com sua prancha mágica de quilhas novas, ah, alias, também estava estreiando quilhas novas, estas que vieram diretamente dos Estados Unidos para mim, presente do parceirão do surfe e vida.

Depois, do surfe, aquela ducha, arrumar as coisas, comer um lanche na padaria e seguir novamente para São Paulo. Estava simplesmente morto, depois de um total 6 horas de surfe, mais de 20 ondas surfadas, veio o sono dos justos.

Antes de cair profundamente no melhor sono possivel (quem pega onda, sabe, não tem nada melhor que aquela cochilada depois de horas no mar), lembrei-me da última vez que tinha surfado lá, que tinha me machucado, e ai veio o melhor momento, a daquele sentimento de vitória, finalmente tinha surfado bem em São Pedro, Guarujá.
Desse sentimento não vou me esquecer mais e já estou com saudades, quem sabe um dia nos encontramos novamente, mas até lá, vou sonhar com as ondas que surfei domingo...

Um comentário:

  1. Cara, que lindo, que tesão! Quem dera eu tivesse braço pra surfar assim...
    Muito bom.

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